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  Um indivíduo com intoxicação aguda por etanol pode apresentar sintomas que variam desde [39]: 

[17] Hoffman, R.S., et al., Goldfrank's toxicologic emergencies. 2015: New York: McGraw-Hill.

[39] Adinoff B., Bone GH., Linnoila M., Acute ethanol poisoning and the ethanol withdrawal syndrome, Medical toxicology and adverse drug experience, 1988. 3(3): 172-96.

[40] Disponível em: https://themedicalbiochemistrypage.org/ethanol-metabolism.php. Acedido a: 17/04/2017

[41] Samir Zakhari. Overview: How Is Alcohol Metabolized by the Body?. Alcohol Research & Health. 2006. Vol. 29, No. 4.

[42] Inês Sofia Afonso Pires. Intoxicação Alcoólica Aguda - Casuística no Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E. Relatório de estágio para obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Covilhã, 2013

Figura 9  - Adaptada de imagens do livro Goldfran's toxicology 10th edition, capítulos 12 e 77. 

Figura 10 - Adaptada de: Alcoholic Liver Disease and the Survival Response of the Hepatocyte Growth Factor (disponível em: https://www.intechopen.com/books/trends-in-alcoholic-liver-disease-research-clinical-and-scientific-aspects/alcoholic-liver-disease-and-the-survival-response-of-the-hepatocyte-growth-factor)

TOXICIDADE AGUDA

  • Hipoglicémia e cetoacidose

  Durante o metabolismo do etanol, as reações de oxidação catalisadas pelas enzimas ADH e ALDH conduzem à redução concomitante de NAD+ a NADH. A redução citosólica de NAD+ tem como consequência a inibição da conversão do lactato a piruvato, enquanto que o aumento dos níveis de NADH favorecem a reação inversa [17].

  O piruvato serve como substrato para a gliconeogénese, pelo facto de ser convertido a acetil-CoA, o qual por sua vez entra no ciclo de Krebs ou é convertido em ácidos gordos. No entanto, uma vez na presença de etanol, os níveis de piruvato estão mais baixos e como tal, para compensar a falta de substratos metabólicos normais, o organismo aumenta o metabolismo dos ácidos gordos, através da β-oxidação dos mesmos, como uma via alternativa para a obtenção de energia, uma vez que dela é possível obter acetil-CoA [17]. 

  O acetil-CoA, obtido por esta via, entra no ciclo de krebs, permitindo a formação de malato, o qual, após ser transportado da mitocôndria para o citosol, é convertido a oxaloacetato, ocorrendo o processo de gliconeogénese. No entanto, esta conversão necessita de NAD+, o qual, devido à presença do etanol, se encontra diminuído no citosol. Desta forma, a reação não ocorre e a produção de glicose endógena fica comprometida, havendo por isso um estado de hipoglicémia [17].

  Além da hipoglicemia, o facto de durante todo este processo se forma acetil-CoA, como resultado da β-oxidação dos ácidos gordos, e de esta se combinar com o acetato resultante do metabolismo do etanol, possibilita a formação de acetoacetato e β-hidroxibutirato que contribuem para um estado de acidose metabólica [17].

Figura 6.  Mecanismo de hipoglicémia e cetoacidose causada pelo etanol.

  • Peroxidação lipídica

   A metabolização do etanol pela CYP2E1 e oxidação de NADH pela cadeia de transporte de eletrões geram ROS que levam à peroxidação lipídica. A peroxidação lipídica induzida por etanol é associada à formação de malondialdeído (MDA) e 4-hidroxi-2-nonenal (HNE), podendo ambos formar aductos com proteínas. O acetaldeído e o MDA em conjunto podem reagir com proteínas para gerar um aducto de MDA-acetaldeído-proteína estável (MAA). Os aductos de MAA podem induzir processos inflamatórios em células estreladas e endoteliais do fígado. Assim, existe uma estreita ligação entre a produção de MDA e HNE, e a formação de aductos de MAA e desenvolvimento subsequente de doença hepática [40, 41].

  O metabolismo do etanol através da via CYP2E1 resulta num aumento da produção de ROS, incluindo o anião superóxido, peróxido de hidrogénio e radicais hidroxilo. A produção de ROS está associada ao desenvolvimento de cancro, aterosclerose, diabetes, inflamação, envelhecimento e outros processos nocivos. A célula regula os níveis de ROS através de numerosos sistemas de defesa envolvendo uma variedade de diferentes compostos antioxidantes, como por exemplo, a glutationa [40].

  Em condições normais, existe um equilíbrio entre a produção de ROS e a remoção de antioxidantes nas células, mas este equilíbrio pode ser perturbado. Durante a oxidação do etanol, a produção de ROS aumenta dramáticamente devido à indução da CYP2E1 e pela ativação das células de Kupffer no fígado [40].

  • Formação de espécies reativas de oxigénio (ROS)

  • Hipóxia

  Além de aumentar diretamente o consumo de oxigénio pelos hepatócitos, o metabolismo do etanol aumenta indiretamente o uso de oxigénio pela célula de Kupffer. As células de Kupffer são células imunes especializadas residentes no fígado. Quando as células de Kupffer se ativam, em resposta ao consumo de etanol, libertam várias moléculas estimuladoras, tais como prostaglandina E2 (PGE2). A libertação de PGE2 resulta no aumento da atividade metabólica dos hepatócitos levando a um consumo ainda maior de oxigénio. Como resultado, a ativação de células de Kupffer induzida pelo álcool contribui também para o aparecimento de hipóxia [40].

Figura 7.  Metabolismo do etanol pelo sistema de oxidação microssomal nos hepatócitos, produção de espécies reativas de oxigénio e a consequente peroxidação lipídica.

O  QUE FAZER EM CASO DE INTOXICAÇÃO AGUDA?

  Ao contrário do que acontece para outros compostos tóxicos, para o etanol não existe nenhum antídoto específico que possa ser utilizado em casos de intoxicação aguda. Assim sendo, uma vez que o etanol é de rápida absorção não está indicada uma lavagem gástrica. O que pode ser feito é um tratamento de suporte para que se consiga acelerar a eliminação do etanol e neutralizar os seus efeitos depressores sobre o SNC [42].

  Tendo como objetivo a reidratação e a reposição eletrolítica, bem como evitar situações e hipoglicémia e eventuais hipovitaminoses, a nível hospitalar é administrada tiamina (vitamina B1) juntamente com glucose, bem como cloreto de sódio [42].

  Quando o doente está extremamente intoxicado ou já mesmo em situação de coma são realizadas intubação e ventilação assistida [42].

Fala arrastada

Hipoglicémia

Palidez

Náuseas e Vómitos

Incordenação motora

Hipotermia

Coma e morte

Alguns dos mecanismo que levam a estes efeitos estão descritos de seguida:

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